Nos últimos anos, a meditação deixou de ser associada apenas a tradições orientais e passou a integrar o cotidiano de milhões de pessoas no mundo. Em meio a rotinas aceleradas e altos níveis de estresse, ela se consolidou como uma prática que ajuda quem busca mais equilíbrio mental e noites de sono mais tranquilas. A meditação é uma técnica que treina a atenção e ajuda a reduzir a sobrecarga de pensamentos. Originária de tradições orientais, como o budismo e o hinduísmo, ela se expandiu para o mundo ocidental nas últimas décadas.
Atualmente, é utilizada em diferentes contextos, de programas corporativos de bem-estar a clínicas de saúde mental, com suporte de pesquisas científicas que demonstram seus benefícios para a mente e o corpo. Um artigo publicado no JAMA Psychiatry pelo Centro Médico da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, analisou 276 pessoas diagnosticadas com transtornos de ansiedade, como ansiedade generalizada, social, pânico ou agorafobia, em três cidades americanas: Boston, Washington DC e Nova Iorque.
Ao longo de 24 semanas, os participantes foram divididos em grupos: alguns receberam tratamento medicamentoso com escitalopram, enquanto outros participaram de um programa de redução do estresse baseado em mindfulness, uma abordagem que utiliza meditação e atenção plena.
Como resultado, os pesquisadores observaram que os dois grupos apresentaram redução nos sintomas de ansiedade, com uma diminuição média de 1,35 pontos na escala utilizada para medir a intensidade dos sintomas entre aqueles que praticaram meditação.
Meditação: uma prática antiga, um hábito moderno
De forma simples, meditar é treinar a mente para observar os pensamentos, emoções e sensações físicas sem julgamento. Essa prática ajuda a desenvolver consciência e calma, mesmo diante de situações estressantes.
Para Carolina Alves, 34 anos, o primeiro contato com a meditação veio em um momento de ansiedade intensa. “Minha vida mudou drasticamente há cinco anos, quando a ansiedade atingiu um ponto que eu sabia que precisava fazer algo diferente. Foi então que descobri a meditação. No começo, eu estava cética, mas hoje posso dizer que foi a melhor decisão que tomei para a minha saúde e bem-estar”, conta.
O início da prática exigiu disciplina, mas Carolina logo percebeu mudanças positivas. “Antes, eu sofria com dores crônicas nas costas e na cabeça, que pareciam estar sempre ligadas à tensão. Desde que comecei a meditar regularmente, sinto muito menos dores. É como se eu tivesse aprendido a soltar a tensão que nem percebia que estava segurando”, revela.
Um dos efeitos mais perceptíveis da meditação é a melhora na qualidade do sono. Durante a prática, o corpo reduz a produção de cortisol e ativa o sistema parassimpático, responsável pelo relaxamento. Isso faz com que adormecer se torne mais fácil e o descanso, mais profundo. “Eu costumava ter noites agitadas, demorava para pegar no sono e acordava várias vezes. Hoje, eu durmo muito melhor. A meditação antes de dormir se tornou um ritual que acalma minha mente e me permite um descanso de verdade”, pontua Carolina.
Além de melhorar o descanso, a meditação ajuda a melhorar o foco e a atenção. “No trabalho, em conversas, na leitura, eu consigo me concentrar melhor e manter a atenção no presente, em vez de me perder nos pensamentos ansiosos sobre o futuro ou o passado”, acrescenta.
Como começar a meditar
Embora a ideia de esvaziar a mente ainda afaste muita gente, a meditação é mais sobre observar do que sobre controlar. O segredo está em criar um ritual que se encaixe na rotina e praticar com constância. Confira cinco passos para começar:
- Defina um momento fixo do dia
Escolher um horário ajuda a criar consistência. Pode ser logo ao acordar, antes do banho ou à noite, antes de dormir. Experimente transformar esse momento em um pequeno ritual: acenda uma vela, coloque uma música ou apenas sente em silêncio por alguns minutos.
- Encontre um espaço tranquilo e confortável
Não é preciso um ambiente perfeito. Um canto do quarto, uma cadeira confortável ou um tapete no chão já bastam. O importante é que o espaço transmita calma e possa ser associado à pausa.
- Comece com poucos minutos
Três a cinco minutos por dia são suficientes no início. Com o tempo, é possível aumentar a duração. A constância diária é mais eficaz do que sessões longas e esporádicas.
- Foque na respiração
Concentre-se no ar entrando e saindo pelas narinas. Quando surgirem pensamentos, apenas reconheça e retorne a atenção à respiração. Essa prática fortalece o foco e a percepção do momento presente.
- Explore diferentes métodos de meditação
Existem diversas abordagens: mindfulness, meditação guiada, mantras, caminhadas meditativas ou grupos de prática. Aplicativos como Insight Timer, Headspace e Meditopia podem ajudar iniciantes a estruturar o ritual diário. “Eu a faço tanto em grupo, o que me traz um senso de comunidade e me motiva, quanto sozinha, em casa, no meu ritmo. Ambas as formas são importantes para manter a consistência”, explica Carolina.
A meditação, portanto, não exige equipamentos nem muito tempo, apenas disciplina para transformar alguns minutos por dia em um ritual de atenção plena. Para quem busca melhorar o descanso, lidar com a ansiedade ou desacelerar, a meditação é uma prática que, incorporada à rotina, pode gerar mudanças duradouras na saúde mental e física. E você, que tal começar? Confira uma aula exclusiva com a nossa colunista Flávia Alessandra e a professora Sther Raiz.



