Acordar com preguiça, sentir cólica e querer ficar alguns minutos a mais na cama embaixo da coberta é algo que eu, como mulher, conheço bem. Em muitos ciclos, o segundo dia de menstruação chega com vontade de ficar quieta, tomar algo quente e seguir mais devagar. Mesmo assim, a rotina continua. A gente trabalha, estuda, resolve pendências, às vezes até força a barra para treinar e, quando dá, mantém compromissos sociais como sair para dançar com os amigos.
Tudo isso só é possível porque temos acesso ao básico: absorventes, tampões, coletores, banheiros limpos, papel, água e uma muda de roupa extra quando necessário. Em viagens, por exemplo, muita gente carrega um kit de emergência na bolsa. No trabalho, deixamos absorventes na gaveta. São recursos que mostram como, mesmo com desconforto, conseguimos manter a rotina.
Com o tempo, percebi que essa realidade não representa a vida de milhões de brasileiras. No Brasil, a pobreza menstrual ainda impede que muitas pessoas lidem com o ciclo com segurança e dignidade. Segundo a UNICEF, 28% das meninas e mulheres enfrentam essa condição. São cerca de 11,3 milhões de brasileiras. Além disso, 30% conhecem alguém que também passa por isso.
Durante conversas com organizações e projetos sociais, ouvi relatos que mostram a dimensão do problema. Meninas que faltam às aulas por não terem absorventes. Jovens que utilizam papel improvisado, pano ou miolo de pão para tentar conter o fluxo. Trabalhadoras que perdem diárias porque não conseguem manter a higiene durante o expediente. Situações que não deveriam existir em nenhum lugar, concorda?
A pobreza menstrual afeta saúde, educação, renda e a forma como cada pessoa se relaciona com o próprio corpo. Quando alguém falta à escola por vários dias ao mês, o desempenho cai e o risco de abandono aumenta. Quando perde oportunidades de trabalho por não conseguir lidar com o ciclo, a renda diminui. Esses impactos se acumulam e acompanham a vida inteira.
Por isso, neste Dia do Voluntariado, celebrado em 5 de dezembro, reforço um ritual pessoal: me envolver com causas que acompanho e nas quais acredito. O voluntariado faz parte da minha vida porque é uma forma concreta de apoiar quem enfrenta desafios que poderiam ser evitados.
Que tal transformar o voluntariado em um ritual?
Hoje, como embaixadora do Fluxo Sem Tabu, vejo de perto o impacto desse trabalho. O projeto distribui itens de higiene íntima para populações em situação de vulnerabilidade e amplia o acesso à informação sobre menstruação. Até agora, 23.295 pessoas foram beneficiadas diretamente, entre estudantes, mulheres em situação de rua, mães solo, moradoras de ocupações e adolescentes de comunidades periféricas. Cada kit representa a chance de estudar, trabalhar, sair de casa e viver o ciclo menstrual com dignidade.
Apoiar essa causa vai além da doação. É um posicionamento sobre o que entendemos como básico. É afirmar que menstruar não pode ser motivo de vergonha, silêncio ou exclusão. Por isso, deixo um convite: se este tema toca você, considere transformar o voluntariado em um ritual também. Clique aqui e seja uma doadora do Fluxo Sem Tabu. Cada absorvente doado ajuda alguém a seguir com sua rotina sem medo e sem interrupções. Vamos juntas ampliar o acesso e cuidar de quem precisa?



