O que a puberdade, gravidez e menopausa têm em comum com a saúde bucal da mulher? A resposta está nas variações hormonais que moldam o corpo feminino e impactam diretamente o sorriso. Da puberdade à menopausa, cada fase traz suas particularidades para a boca. Para desvendar esses mistérios e entender por que essa atenção extra é importante, conversamos com a cirurgiã-dentista Juliana Peinhopf.
No período menstrual, por exemplo, algumas mulheres sentem maior sensibilidade nos dentes e na gengiva. “Isso ocorre devido às oscilações hormonais, que induzem ao aumento do fluxo sanguíneo e podem deixar as gengivas mais inchadas e os dentes mais sensíveis”, explica a cirurgiã-dentista.
Quando o assunto é a gestação, a atenção à saúde bucal precisa ser redobrada. “É necessário fazer pelo menos uma avaliação clínica por trimestre para prevenção e orientação”, aconselha. Afinal, a gravidez é um momento de mudanças hormonais que podem favorecer inflamações como a gengivite, que se manifesta com sangramento, vermelhidão e inchaço nas gengivas. “Na maioria das faixas etárias, as mulheres demonstram ter uma frequência menor de gengivite do que os homens, embora as mulheres tenham períodos de maior suscetibilidade. Essa menor incidência pode ser uma consequência da melhor higiene oral feminina do que de uma diferença fisiológica entre os gêneros”, comenta.
Caso a grávida precise de algum tratamento, o segundo trimestre (entre a 14ª e a 27ª semana) é o período mais indicado. “Os tratamentos eletivos devem ser evitados no 1º trimestre devido à maior vulnerabilidade do feto”, alerta Juliana. Mas, e se for uma emergência? “Frente às urgências odontológicas (pulpites, abscessos, etc), o tratamento não pode ser adiado, independentemente do período gestacional”, enfatiza a dentista, reforçando que os riscos da dor e da infecção para a mãe e o bebê são muito maiores do que os do tratamento em si.

Cuidados com a saúde bucal na menopausa
Chegando à menopausa, um novo sintoma pode aparecer: a sensação de boca seca, ou xerostomia. “Isso ocorre devido à diminuição na produção de saliva”, explica a cirurgiã-dentista, lembrando que a saliva é essencial para proteger os dentes. “Nessa fase, também é comum a perda óssea nos maxilares, o que pode contribuir para a mobilidade e até a perda de dentes”, observa.
Além disso, pacientes que usam medicamentos precisam sempre informar ao dentista sobre a sua medicação. “Pacientes que fazem ou fizeram tratamento para osteoporose devem mencionar ao dentista os medicamentos que estão sendo usados para que o seu procedimento cirúrgico seja planejado de forma a evitar complicações pós-operatórias”, recomenda.
Em todas essas fases, inclusive, é importante integrar o cuidado com a higiene bucal nos rituais de autocuidado. Mas como cuidar com assertividade? A cirurgiã-dentista recomenda uma higiene rigorosa, com uma escova de cabeça pequena e cerdas macias de mesmo tamanho três vezes ao dia usando creme dental com flúor e fio dental. “Também é importante evitar o consumo frequente de alimentos ricos em carboidratos para prevenir cáries e realizar consultas semestrais ou anuais com o dentista”, aconselha.