Atualmente, academias cheias, esteiras lotadas, grupos de corrida nas ruas e uma infinidade de modalidades fazem parte da rotina de vários brasileiros. Mas o universo que chamamos de fitness não esteve sempre por aí. Até poucas décadas atrás, a palavra nem fazia parte do vocabulário popular e muito menos os acessórios, roupas e estilos de vida que hoje se tornaram quase uma identidade.
A origem do termo ajuda a entender esse caminho. Em inglês, fitness significa aptidão, no sentido de estar preparado ou adequado. A expressão physical fitness era usada para falar da capacidade do corpo resistir a doenças e realizar tarefas físicas. Ou seja, antes de se associar a abdominais definidos e corpos musculosos, fitness tinha tudo a ver com saúde e bem-estar.
Essa preocupação com o corpo, no entanto, nunca foi linear. Na Grécia Antiga, a valorização da força física era parte da cultura. Séculos depois, na Idade Média, esse ideal perdeu protagonismo. Foi só no século XIX que a prática de exercícios voltou ao centro das atenções, com o avanço das ideias higienistas, que defendiam a atividade física como forma de fortalecer o corpo e prevenir doenças.
Madonna, Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger: algumas figuras do mundo fitness
O boom, porém, começou a partir dos anos 1970 e 1980. A cultura pop teve papel decisivo: videoclipes de Madonna mostrando energia e disposição, filmes de ação estrelados por Sylvester Stallone e Arnold Schwarzenegger com seus físicos impressionantes eaté o surgimento das aulas coletivas com colants coloridos e polainas marcaram uma era. De repente, malhar virou moda e moda no sentido literal também. As roupas de academia deixaram de ser improvisadas e ganharam status de produto de desejo, inaugurando uma indústria própria.
Com essa onda, o mercado respondeu rápido. Academias começaram a se multiplicar, equipamentos modernos chegaram com a abertura econômica e surgiram novas modalidades, como o crossfit e o spinning, que transformaram o ato de se exercitar em uma experiência social. O que antes era visto como esforço solitário se tornou também um espaço de convivência, quase um terceiro lugar entre casa e trabalho.
Fitness em ascensão no Brasil
No Brasil, o crescimento foi exponencial. Segundo o 3º Panorama Setorial Fitness Brasil, em parceria com a EY e a Armatore Market + Science, o número de estabelecimentos voltados à atividade física praticamente triplicou em dez anos: de 19.266 em 2014 para 56.833 em 2024. Só o estado de São Paulo concentra mais de 13 mil academias ativas, mais do que Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul juntos. No outro extremo, o Acre aparece com 122 registros.
A corrida de rua também merece destaque: está no topo da lista quando falamos de participação em eventos esportivos, reunindo 82% dos praticantes. Outras modalidades, como ciclismo e mountain bike, triathlon e multisports, somam menores fatias, mas evidenciam a diversidade que o setor ganhou.
E se na década de 1980 o uniforme era colant fluorescente com meia-calça, hoje a moda fitness mistura tecnologia e estilo: tecidos respiráveis, roupas que medem desempenho, tênis que se adaptam ao tipo de pisada. As smartbands e relógios inteligentes completam a cena, registrando cada passo e batimento.
Por todos esses motivos, o fitness se consolidou como estilo de vida e envolve saúde mental, sociabilidade e até identidade cultural. Seja correndo no parque, levantando peso ou pedalando na cidade, estar em movimento virou sinônimo de pertencimento. Afinal, se antes cuidar do corpo parecia vaidade, hoje é reconhecido como investimento em qualidade de vida. E esse é, talvez, o maior legado do movimento fitness: mostrar que saúde e prazer podem caminhar lado a lado.



