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Na última coluna, falamos sobre como o corpo reescreve a mente — sobre o poder do movimento consciente na criação de novos caminhos neurais e emocionais. Agora, quero te convidar a olhar para o outro lado desse mesmo processo: como o corpo se torna a ponte entre o físico e o emocional, entre o material e o sutil.

Quando começamos a praticar yoga, é comum acreditarmos que estamos apenas alongando ou fortalecendo o corpo. Mas, aos poucos, percebemos que há algo muito maior acontecendo. A prática física desperta emoções. Às vezes, o simples fato de não alcançar uma postura já é o suficiente para ativar a ansiedade, a frustração, o medo ou até o orgulho. O corpo mostra, de forma direta, como reagimos diante das nossas próprias limitações — e isso diz muito sobre a forma como lidamos com os desafios da vida.

Do ponto de vista científico, cada movimento consciente envolve o sistema límbico, responsável pelas emoções e pela memória, e ativa áreas do cérebro ligadas à autorregulação e à atenção plena. Esse diálogo constante entre corpo e mente estimula a neuroplasticidade, permitindo que novas conexões sinápticas sejam formadas. A prática se torna, então, um treino emocional: a cada respiração, a cada tentativa, o cérebro aprende a responder de um novo modo. A repetição, quando feita com intenção, transforma o comportamento. É assim que o yoga se torna uma prática de reprogramação emocional e cerebral.

No yoga, chamamos isso de svadhyaya, o autoestudo. Cada postura é um espelho. Ela mostra como você lida com a resistência, com o desconforto, com o tempo que as coisas levam. E é nessa observação silenciosa, entre o esforço e a entrega, que nasce a consciência. O corpo físico, então, deixa de ser apenas matéria para se tornar um campo de percepção e transformação.

O corpo como espaço de diálogo com a alma

A prática física é, na verdade, um treinamento para a vida. Quando você aprende a respirar diante do desconforto de uma postura, começa a respirar melhor diante dos desconfortos do cotidiano. O alinhamento do corpo se reflete no alinhamento interno — entre o que você pensa, sente e faz. E é nesse ponto que o yoga deixa de ser apenas exercício e se torna autoconhecimento.

Então, eu te convido a experimentar: na sua próxima prática — ou até agora mesmo — perceba o que acontece em você quando encontra uma limitação física. Qual emoção surge primeiro? Frustração? Raiva? Paciência? Curiosidade?

Observe sem julgamento. Talvez essa reação diga mais sobre o que precisa ser trabalhado dentro de você do que sobre o que seu corpo ainda não consegue fazer. O corpo é o primeiro espaço de diálogo com a alma. Escute-o.


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autoria

Foto de Esther Bruno

Esther Bruno

Colunista

Advogada de formação, é professora de yoga especializada em biomecânica e pós-graduanda em Neurociência. Criadora da plataforma BE, desenvolve experiências, retiros e vivências que integram movimento,...
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