Com a promessa de rápida perda de peso, a palavra dieta e suas variações, como detox, dieta do ovo e low carb, estão sempre em voga. Entre elas, a dieta cetogênica tem conquistado adeptos. Por trás de sua popularidade, existe um caminho cheio de nuances: benefícios, restrições e impactos que vão muito além da balança.
A nutricionista e psicanalista Maiara Fidalgo explica o surgimento desse tipo de dieta e revela que essa abordagem alimentar, a qual restringe drasticamente os carboidratos, surgiu para um propósito diferente do que se imagina hoje. “A dieta cetogênica foi inicialmente introduzida como uma terapia nutricional no tratamento da epilepsia. Quando os medicamentos para epilepsia não funcionavam, entrava a dieta cetogênica, principalmente em crianças”, conta. Atualmente, a dieta cetogênica é utilizada para o tratamento de síndrome metabólica, diabetes mellitus e ovários policísticos.
A principal característica da dieta cetogênica é uma alimentação rica em gorduras e com baixo teor de carboidratos. O objetivo é induzir um estado de cetose, onde o corpo passa a utilizar a gordura como sua principal fonte de energia, em vez dos carboidratos. Enquanto uma dieta low carb permite entre 50 e 150 gramas de carboidratos por dia, na cetogênica esse valor pode cair para 30 gramas.
Quais alimentos podem ser consumidos em uma dieta cetogênica?
Na prática, a dieta cetogênica inclui alimentos como azeite, abacate, castanhas, queijos, ovos, carnes e peixes. Em contrapartida, há uma restrição de alimentos energéticos como arroz, cereais, quinoa, aveia, pães, massas e doces. “Com isso, diminuímos o complexo B, fibras e vitaminas antioxidantes. Acredito que essa dieta não é sustentável a longo prazo”, reflete a nutricionista.
Além dos riscos nutricionais, essa restrição é capaz de trazer outras consequências. “O processo de cetose pode sobrecarregar os rins, causar uma alteração no perfil lipídico e a deficiência de fibras, o que altera o funcionamento gastrointestinal”, explica Fidalgo. A falta de carboidratos, que liberam glicose e energia, provoca ainda sintomas como dor de cabeça, cansaço, tontura e irritabilidade.
Segundo a especialista, a dieta cetogênica não é indicada para todos. Gestantes, pessoas com risco cardiovascular, alterações nos níveis de colesterol ou com histórico de alcoolismo devem evitá-la. Por isso, quem pensa em adotar esse tipo de alimentação deve buscar acompanhamento profissional, essencial para garantir segurança e adequação às necessidades do corpo.