Viajar, pra mim e pra Flávia, nunca começa no aeroporto. Começa bem antes, com aquela pergunta que rivaliza com “qual é o sentido da vida?”: “pra onde a gente vai?”. É a primeira etapa do nosso ritual. E aqui não tem misticismo, mas método. Porque nossa vida, cheia de compromissos e agendas, pede programação bem feita. A gente adora planejar: abrir mapas, pesquisar, sonhar com os lugares, imaginar os dias. Esse preparo é parte da diversão. É como ver o trailer antes do filme: já cria expectativa.
Claro, imprevistos aparecem. E é aí que nosso outro ritual entra em cena: olhar um pro outro, dar risada e decidir juntos, rápido, como quem muda o roteiro no palco. Porque se tem algo que aprendemos, é que método é ótimo, mas o improviso também faz parte da viagem.
E olha que histórias já não nos faltam. Na Tailândia, por exemplo, a gente mergulhou na energia caótica de Bangkok, onde até atravessar a rua parece desafio olímpico. E depois, nas praias, encontramos o contrário: silêncio, espiritualidade, areia branca que parece photoshop. No Egito, ficamos com aquela sensação de que as pirâmides não são reais, que alguém da cenografia de Hollywood montou aquilo só pra nos enganar. Já no Amazonas, foi o contrário: tudo parecia mais real do que nunca. O verde não tem fim, a imensidão do rio faz a gente se sentir minúsculo e ao mesmo tempo parte de algo grandioso. Em Alagoas, o espetáculo veio das cores: aquele mar de azul impossível, os passeios de jangada, e a comida que dá vontade de repetir três vezes só no almoço.

Um dia inesquecível com a Flávia no Egito
Mas o nosso ritual não é só nosso. Muitas vezes, é também o das meninas. Quando as filhas viajam com a gente, a experiência muda. A gente entra num outro modo: o de entender o que elas gostam, o que as encanta, e equilibrar com o que queremos mostrar. E o mais incrível é ver como elas sempre toparam tudo. Desde pequenininhas, nunca foram do tipo “só quero parque de diversão ou Disney”. Pelo contrário: museus, passeios históricos, visitas a céu aberto… sempre encararam numa boa.
Claro, os gostos delas também têm espaço: já passamos horas em lojinhas do mundo inteiro, visitamos parques, sentimos a adrenalina de montanhas-russas. Mas também estivemos juntos em experiências completamente fora do comum: caminhando em grandes vales, explorando desertos, vivendo culturas.

Família reunida na França
E nada simboliza mais esse equilíbrio do que nossa viagem ao Grand Canyon. Foi diferente de tudo: alugamos um motorhome e fomos juntos, família completa, estrada adentro. A cada parada, era como se a paisagem tivesse sido pintada de novo. Para as meninas, foi aventura pura. Para mim e pra Flávia, foi também cumplicidade, aquele prazer de ver que dá pra juntar tudo: os desejos delas, os nossos, e ainda viver algo inédito em família.
Tem viagens pensadas só pra elas, claro, e aí nós aproveitamos também. E tem viagens que nascem do nosso desejo, mas que ganham outra dimensão quando entram os olhares delas. No fim, é esse jogo de equilíbrios que transforma cada destino em algo maior do que só uma viagem.
Seguimos sonhando: Austrália, Japão, mais da nossa América do Sul, mais da América do Norte. Mas sabemos que, seja onde for, vamos repetir nosso ritual: planejar juntos, rir dos imprevistos, equilibrar os mundos. Porque destino importa, mas o que realmente faz a viagem é a forma como a gente a vive: em casal, em família, em parceria.