Por que o “peso na balança” tem que ser igual para o treino e para o descanso? Simplificando ao máximo essa metáfora, se eu treino muito e descanso pouco, não me recupero para render e obter ganhos, podendo até ter prejuízos vindos do que chamamos de overtraining, como lesões. Da mesma forma, se eu descanso mais do que treino, não evoluo nem alcanço resultados satisfatórios.
Sempre que treinamos, é para “se puxar” de alguma forma. Independentemente do nível técnico ou de condicionamento, para ter resultado temos que “exigir” do corpo. Então, por que não fazemos o mesmo com o sono e o descanso, que nos recuperam e nos preparam para um novo ciclo?
Pode ser que não seja o seu caso, mas acredite ou não, há pessoas que, quando surge um tempo livre de maneira imprevista, procuram se ocupar fazendo alguma atividade física. Isso acontece mesmo depois de já terem feito seu exercício de rotina ou de terem tido um dia de maior exigência física (andaram muito, viajaram, não pararam de trabalhar um minuto, entre outros exemplos). Mas até quando isso é benéfico para o corpo?
A importância do acompanhamento personalizado para orientar entre treinar mais e descansar
Nessa questão, tudo é muito pessoal. Por isso, a importância do acompanhamento personalizado. Alunos e pacientes amam ter o “dia de descanso” ou o “dia de refeição livre” na alimentação, que, na verdade, serve mais como um afrouxamento da rotina, relaxando mais a exigência mental do que a física. Porém, no caso da atividade física, algo que sempre digo aos meus alunos é: “para você descansar, você precisa estar cansado”. Ou seja, você, de fato, tem que exigir do seu corpo proporcionalmente aquele descanso que você diz “merecer”.
Como comparação, atletas de alta performance tiram dias, semanas e até meses de descanso, dependendo do volume de treino empregado antes desse período. Mas, para isso, eles exigem muito do corpo, em proporção igual ou maior. Para pessoas que não dependem da performance esportiva como trabalho, é preciso encontrar esse equilíbrio na mesma proporção.
Um caso que trago é da nossa querida Flávia Alessandra. No começo do ano, antes do Carnaval, ela, sendo musa de escola de samba, estava em um ritmo intenso de treinos e ensaios, sem deixar o trabalho de lado. Teve um dia em que acordou cedo no Rio de Janeiro, foi para São Paulo, deu palestra, participou de outro evento, retornou ao Rio, fez duas horas de aula de samba e, lá pelas 19h, me mandou uma mensagem dizendo: “Tui, você pode me dar treino ainda hoje?”.
Eu podia. E não é por uma questão de não querer ou preguiça. Mas eu, como responsável pelo cuidado de sua saúde, disse a ela: “Flávia, eu posso te dar o treino. Mas o que será melhor para sua saúde agora é você dormir e descansar. Isso será muito mais benéfico para você hoje do que o nosso treino, tanto pelo dia que já teve quanto pelo próximo que terá”. E de fato foi.
Sempre invista na tríade exercício físico, alimentação e sono
Para obter os melhores resultados para sua saúde, sempre trabalhe sobre a tríade exercício físico, alimentação e sono. Isso falando de maneira fisiológica. Sabemos que o bem-estar como um todo engloba muitos outros fatores, como saúde emocional e paz de espírito.
Quando surgir um tempinho livre, analise: “Eu de fato preciso treinar mais hoje?” ou “Eu treinei o suficiente para já descansar?”. Seja justo consigo próprio. Não confunda o que você quer com o que você realmente precisa. Quem ganha sempre será você!