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Para muitos idosos, computadores, smartphones e tablets tornaram-se companheiros diários. É através das telas que eles diminuem a saudade dos familiares, assistem aos vídeos engraçados que os amigos enviam e acompanham as notícias do dia. Essa “amizade sintética” com a tecnologia chegou para ficar, mas nem sempre é uma relação saudável.

Segundo uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, o uso excessivo de telas está prejudicando a saúde mental das pessoas de todas as idades e os idosos não escapam dessa realidade. Até a nomofobia, o medo irracional de ficar sem celular, já chegou à terceira idade. Os sintomas são conhecidos: estresse, depressão e ansiedade batem à porta daqueles que passam horas grudados nas telas. E não é difícil entender por que isso acontece. Para os mais velhos, os eletrônicos representam uma janela para o mundo. É através deles que fazem compras, movimentam a conta no banco, conversam com a família e se distraem com entretenimento que está sempre à disposição.

O problema surge quando essa conveniência vira dependência. “O corpo passa a produzir doses exageradas de dopamina por conta do excesso de estímulos e gratificação instantânea”, explica a psicólogia Laíse Brito. É como se o cérebro ficasse viciado nessa sensação de prazer imediato que as redes sociais oferecem.

A comparação com vidas aparentemente perfeitas que aparecem no feed também cobra seu preço. “Além do sofrimento emocional causado pela comparação com vidas não acessíveis, observamos o desenvolvimento de baixa tolerância à frustração e desejo imediatista, já que nas redes rolar um feed se torna algo simples e mecânico, e a vida acontece em outro tempo e ritmo”, alerta a psicóloga.

Os efeitos vão além do emocional. A qualidade do sono piora e a luz azul das telas atrapalha a produção de melatonina, hormônio responsável pelo sono. O cérebro, acostumado com estímulos, passa a rejeitar atividades que exigem mais esforço e concentração. “Com o uso excessivo de telas, o cérebro fica treinado para esse mecanismo. Quando exposto à experiência da vida fora das telas, ele desenvolve um comportamento aversivo a atividades mais elaboradas“, explica Laíse.

O resultado é uma perda progressiva de foco, atenção e paciência para lidar com as tarefas da rotina. Além disso, por trás dessa “amizade sintética” existe toda uma economia da atenção, onde algoritmos trabalham para manter os usuários online pelo maior tempo possível. Para os idosos, que muitas vezes têm mais tempo livre e menos compromissos, essa armadilha pode ser ainda mais perigosa.

O desafio agora é encontrar o equilíbrio. A tecnologia trouxe benefícios inegáveis para a terceira idade, mas é preciso usá-la com consciência. Afinal, o objetivo deveria ser que ela servisse como ponte para uma vida mais conectada e plena, não como uma fuga da realidade.


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