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Receber um diagnóstico de câncer de mama nunca é fácil. A notícia chega carregada de medo, incertezas e insegurança, sentimentos que não atingem apenas a mulher diagnosticada, mas também aqueles que convivem com ela. Nesse cenário, o apoio dos familiares e amigos pode ser tão essencial quanto os cuidados médicos. “O diagnóstico de câncer de mama geralmente causa um impacto emocional profundo tanto na paciente quanto nos familiares e amigos”, afirma a psicóloga voluntária da Casa Rosa, Elisangela França, ONG do Recife que acolhe mulheres em tratamento nos hospitais públicos da cidade.

De acordo com uma análise do Painel Oncologia Brasil, feita pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, uma em cada três pacientes diagnosticadas no Brasil entre 2018 e 2023 tinha menos de 50 anos. O dado reforça que a luta contra a doença não está restrita a grupos específicos: afeta mulheres em plena fase produtiva da vida, o que amplia a necessidade de olhar para o lado emocional e social do tratamento, além dos exames e procedimentos médicos.

A importância do suporte emocional desde o início do tratamento

O câncer de mama ainda é cercado de dúvidas e receios, o que torna o acolhimento imediato dos familiares ainda mais relevante. Estar presente nos primeiros momentos, quando a paciente começa a processar o impacto do diagnóstico e a se preparar para consultas e exames, ajuda a criar uma base de segurança emocional. Elisangela explica que essa proximidade pode evitar que a mulher se sinta sozinha em uma fase marcada por tantas transformações. “É importante que os familiares acolham a pessoa diagnosticada, visto que, dependendo do estágio da doença, ela pode precisar de alguém que a acompanhe tanto nas consultas quanto nos tratamentos. Isso é necessário para que a paciente não se sinta como um peso. Sendo assim, cada núcleo familiar deve encontrar uma logística para lidar melhor com esse novo contexto”, afirma.

Segundo a psicóloga, os obstáculos enfrentados nesse período vão muito além do aspecto clínico. “Podem ser físicos, emocionais, sociais e até financeiros. A paciente poderá passar por exames, cirurgias, quimioterapias, radioterapias e sentir medo, ansiedade e insegurança. Durante o tratamento, há ainda os efeitos colaterais, como queda de cabelo, perda de sobrancelhas e cílios, fadiga, náuseas, entre outros”.

Comunicação, apoio e esperança

Quando a rotina passa a girar em torno do tratamento, a maneira como familiares e amigos se comunicam se torna parte importante desse cuidado. Muitas vezes, quem acompanha também sente medo, tristeza e frustração, mas não sabe como expressar essas emoções sem sobrecarregar a paciente. Assim, aprender a lidar com os próprios sentimentos é um passo necessário para conseguir oferecer suporte verdadeiro.

“Para que família e amigos lidem com suas emoções diante do diagnóstico de câncer familiar, é essencial comunicar e expressar sentimentos com outras pessoas de confiança. Participar de grupos de apoio é uma opção para compartilhar experiências. Buscar suporte de um profissional de saúde mental, psicólogo ou psiquiatra, também é uma boa escolha, assim como priorizar o autocuidado e manter o bem-estar físico e mental. É normal ter sentimentos negativos, mas também é importante manter a esperança”, orienta.

Silêncio, escuta ativa e empatia no dia a dia

Nem sempre a paciente vai querer falar sobre o que está vivendo. O silêncio pode ser uma forma de se proteger, encontrar forças para seguir ou respeitar o próprio tempo. Nessas situações, não insistir é um gesto de empatia. “Falar abertamente sobre o diagnóstico, tratamentos e sentimentos ajuda a reduzir o medo do desconhecido. Porém, muitas vezes a paciente vai querer conversar e em outras preferirá o silêncio. Respeitar esse ritmo é fundamental”, diz a psicóloga.

Quando a mulher desejar abrir o coração, familiares e amigos devem estar prontos para ouvir com atenção e cuidado. A escuta verdadeira se torna um espaço de acolhimento, enquanto comentários impensados podem machucar. “Deve-se evitar frases do tipo: ‘pelo menos é só um câncer de mama, né?’; ‘conheço alguém que teve e morreu’; ‘você vai sair dessa melhor do que entrou’; ‘você não parece doente’; ‘tem gente passando por coisa pior’. Isso é minimizar o sofrimento da paciente. Então, recomendo evitar conselhos rápidos e comparações. Se não souber o que falar, ofereça a escuta e apoio sincero. Buscar informações junto à equipe sobre cada etapa a ser enfrentada é o melhor caminho”, pontua.

O pós-tratamento também exige atenção e suporte emocional

A alta médica representa alívio, mas também abre uma nova etapa. Muitas pacientes convivem com a ansiedade diante dos retornos periódicos e a dificuldade em retomar antigas rotinas. É nesse momento que a rede de apoio precisa continuar atenta. “O período pós-alta pode ser desafiador, já que muitas pacientes vivem com medo constante do câncer voltar. Esse fato acaba gerando ansiedade, insônia e insegurança”, afirma a psicóloga.

Os gestos de cuidado podem ser oferecer ajuda em tarefas cotidianas, estar disponível para conversar sem pressa e incentivar sem cobrar. Essas atitudes fortalecem a confiança da paciente em sua capacidade de reconstruir a vida. “Cada mulher enfrentará esse processo de forma única, e o melhor é a empatia e o acolhimento”, resume a psicóloga.

Autoestima e reconstrução

Além das marcas invisíveis, o câncer de mama também deixa marcas físicas que afetam a forma como a paciente se enxerga. A psicóloga lembra que a percepção da própria imagem e a confiança são impactadas pelas alterações físicas decorrentes do tratamento, como a mastectomia ou mudanças no corpo. “Essa nova condição mexe muito com a autopercepção, devido à perda dos cabelos, à mastectomia, alterações no peso, ansiedade, tristeza, medo e muitas vezes depressão. São alterações emocionais, hormonais e físicas”, conclui Elisangela.

Portanto, o suporte emocional da família e dos amigos deve acompanhar a paciente em todas as fases, do diagnóstico ao pós-tratamento. Além desse apoio, a prevenção continua sendo indispensável para preservar a saúde. Manter os exames anuais em dia possibilita identificar qualquer alteração precocemente, garantindo tratamento mais rápido e maior tranquilidade para a mulher e para quem está ao seu lado.


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autoria

Foto de Laís Siqueira

Laís Siqueira

Jornalista

Jornalista e pós-graduada em Marketing, gosto de pesquisar, descobrir histórias e traduzir conceitos complexos em conteúdos que façam sentido. Sou movida pela curiosidade e pelo interesse em explorar o universo...
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