Ter um sorriso saudável depende de cuidados diários que vão desde a escovação correta até consultas regulares ao dentista. A forma de escovar, o tipo de escova, a escolha da pasta de dente, o uso do fio dental e a alimentação influenciam diretamente na prevenção de cáries, gengivite e sensibilidade dental. A cirurgiã-dentista Juliana Peinhopf explica quais práticas devem fazer parte da rotina para manter dentes e gengivas saudáveis.
Primeiramente, o mito de que escovas duras limpam melhor foi desfeito pela especialista. As ideais são as de cerdas macias e uniformes, que higienizam sem agredir. “Escovas com cerdas duras acabam causando abrasão dentária, um desgaste no esmalte. Esse problema também pode ser causado pelo uso de pastas abrasivas, como as que contêm carvão ativado”, comenta. A troca da escova deve ser feita assim que as cerdas começarem a se deformar, o que geralmente ocorre a cada três meses.
Já a escovação deve ser feita com atenção e da forma correta. Segundo Juliana, a prática mais recomendada é a técnica de Fones. “Essa técnica consiste em fazer movimentos circulares com a escova em todas as faces dos dentes. É importante que a escovação seja feita devagar e com atenção, de preferência em frente ao espelho. Dessa forma, você massageia tanto os dentes quanto a gengiva, proporcionando uma higienização adequada”.
Pasta de dente: quantidade e composição
Outro ponto de atenção é a pasta de dente, que atua no processo de remineralização, devolvendo ao dente os minerais perdidos quando o paciente ingere alimentos, principalmente doces e ácidos, além de proporcionar hálito agradável. Ao contrário do que muita gente pensa, não é preciso cobrir toda a escova. A cirurgiã-dentista orienta o uso do equivalente a um grão de ervilha por escovação. “Recomendo sempre pasta de dente com flúor e sem abrasivos, como o carvão ativado”, afirma.
No caso de crianças, a quantidade precisa ser adaptada. “Para bebês com os primeiros dentinhos e que ainda não conseguem cuspir, a medida ideal é cerca de um grão de arroz cru. Já de 3 a 6 anos, pode-se usar o equivalente a um grão de ervilha, sempre com supervisão de um adulto”, sugere.
Fio dental é realmente indispensável para um sorriso saudável?
Entre os hábitos muitas vezes deixados de lado, o fio dental merece destaque. É ele quem alcança os espaços que a escova não consegue limpar. “O sangramento gengival é o primeiro sinal de inflamação, geralmente causada por higienização deficiente. Nesse cenário, o fio dental é imprescindível. Muitos pacientes, ao notar sangue, deixam de usar o fio, mas isso só agrava o problema. Escova e fio atuam mecanicamente sobre os restos de alimentos. Por isso, devem ser usados sempre juntos”, pontua a cirurgiã-dentista.
Existem diferentes tipos de fio e fita dental, inclusive versões específicas para usuários de aparelho ortodôntico fixo, como o Superfloss, que tem ponta emborrachada para facilitar o manuseio. “O fio deve ser conduzido até o limite da gengiva, entre um dente e o outro, sem causar dor”, recomenda.
E o enxaguante bucal, vale a pena?
Embora bastante popular, o enxaguante bucal não substitui escovação e fio dental. Ele pode ser útil em casos específicos, geralmente indicados por um dentista, mas seu uso indiscriminado não garante proteção extra. “O enxaguante deve ser considerado um complemento, nunca a base da higiene bucal”, destaca Juliana.
Sensibilidade e outros sinais de alerta
De acordo com Juliana, a sensibilidade dental pode ter várias origens: erosão causada por alimentos ácidos, retração gengival, cáries iniciais, uso inadequado de clareadores e até mesmo o bruxismo, que gera microtrincas no esmalte. Por isso, é essencial não ignorar sintomas como dor ao ingerir alimentos frios, quentes ou doces. O acompanhamento profissional possibilita identificar a causa correta e adotar o tratamento adequado.
Mesmo com bons hábitos, nada substitui as visitas periódicas ao consultório odontológico. As consultas de rotina devem ser feitas ao menos uma vez ao ano. A avaliação profissional permite diagnosticar precocemente cáries, gengivite e outras alterações. Além de ajudar na prevenção, os check-ups possibilitam identificar problemas ainda no início, quando o tratamento costuma ser mais simples e menos invasivo.
Portanto, escovar corretamente, escolher bem a pasta e a escova, não negligenciar o fio dental, manter uma alimentação equilibrada e visitar o dentista regularmente são práticas que reduzem o risco de inflamações, cáries, sensibilidade e tratamentos invasivos. Ou seja, um sorriso saudável depende de disciplina e acompanhamento profissional. Vale a reflexão: quanto espaço esses cuidados ocupam hoje na sua rotina?