A gente vive cercada de estímulos o tempo inteiro. São mensagens que não param de chegar, compromissos que se acumulam, barulhos externos, notificações, pensamentos acelerados, cobranças que vêm de todos os lados: inclusive de dentro. Nesse ritmo frenético, é fácil se desconectar do que importa. E mais fácil ainda esquecer da força que existe no silêncio.

Mas não estou falando do silêncio como ausência. Falo do silêncio como presença. Como escolha. Como espaço sagrado.

Tenho aprendido, aos poucos, que ficar em silêncio é uma forma profunda de voltar pra mim. No começo, parece desconfortável. A mente se agita, busca barulho, quer preencher o vazio com movimento, explicação, resposta. Mas, com o tempo, a gente vai entendendo que esse vazio é fértil. E que, justamente nele, mora uma escuta mais atenta, mais honesta, mais nossa.

O silêncio ajuda a perceber o que está em excesso

O silêncio tem me ajudado a perceber o que está em excesso, o que venho carregando sem necessidade. Me mostra onde estou me apertando para caber, onde estou deixando de respirar.

E tenho entendido também que esse silêncio não precisa ser nada grandioso. Não é sobre fazer um retiro ou parar tudo. Ele pode ser sobre micro pausas conscientes no meio da rotina: um banho mais demorado, um trajeto sem som, uma refeição sem celular, um momento de respiro antes de responder algo no automático. Coisas simples, mas que têm o poder de nos reconectar com o que sentimos, com o que queremos, com quem somos.

Vivemos em um mundo que valoriza a performance, o ruído, a exposição constante. Mas o silêncio tem me lembrado que nem tudo precisa ser dito, explicado, compartilhado ou resolvido imediatamente. Tem coisa que só precisa ser sentida. Tem processos que só se revelam quando a gente para de correr.

Hoje, o silêncio para mim tem virado um ritual. Um ponto de apoio no meio do caos. Um lembrete de que eu existo e que, mesmo sem dizer uma palavra, posso estar inteira.

E você? Tem feito silêncio pra se escutar?