Quem nunca se pegou rolando o feed do celular por horas a fio, mesmo sabendo que poderia estar fazendo algo mais produtivo? Os smartphones, onipresentes em nossas vidas, criaram uma dependência digital com efeitos nem sempre positivos para a saúde mental e o bem-estar. Um estudo da Universidade de Alberta, no Canadá, publicado na revista científica PNAS Nexus, buscou justamente entender os efeitos de um período sem internet no celular.

Pesquisadores do Departamento de Marketing, Economia Empresarial e Direito da instituição canadense analisaram o impacto de uma pausa digital forçada na vida de um grupo de voluntários. Durante duas semanas, o acesso à internet móvel (Wi-Fi e dados móveis) foi bloqueado em seus aparelhos através de um aplicativo. Nesse período de detox digital, eles podiam apenas enviar SMS, fazer ligações e usar computadores. Ao final da experiência, os cientistas observaram melhorias em três aspectos: a saúde mental dos participantes, o nível de satisfação com a vida e a capacidade de manter o foco e a atenção.

Alguns voluntários não conseguiram manter a pausa digital

Quase a totalidade dos participantes (cerca de 91%) experimentou avanços positivos em pelo menos uma dessas áreas avaliadas. A explicação para essa melhora parece estar ligada à forma como os voluntários passaram a utilizar o tempo livre da conexão: mais interações sociais presenciais, prática de exercícios e contato com a natureza foram alguns dos hábitos resgatados durante o período de desconexão. Além disso, os próprios autores da pesquisa reconhecem que a adesão ao bloqueio da internet foi um grande obstáculo. Dos 467 voluntários iniciais, pouco mais de uma centena conseguiu manter a restrição por pelo menos 10 dos 14 dias propostos. 

Esse dado escancara o quão difícil é, na prática, nos desvencilharmos da constante demanda digital. Contudo, os resultados obtidos com aqueles que persistiram servem como um ensinamento: mesmo um breve período de afastamento do mundo online do celular pode trazer impactos positivos para a nossa saúde. Esse tipo de iniciativa se alinha com as discussões sobre o que Peter Attia explora em seu livro Outlive: The Science and Art of Longevity, onde a busca por um estilo de vida equilibrado e a atenção à saúde mental são pilares para uma vida longa e de qualidade. Que tal repensar um pouco o tempo que dedicamos às telas?