Estamos vivendo hoje um daqueles momentos na história de um salto de desenvolvimento tecnológico com impactos visíveis. A vedete da vez é a inteligência artificial generativa – essa do ChatGPT e afins -, que tem mudado a forma como trabalhamos, pesquisamos, criamos ou nos relacionamos.
Na história do desenvolvimento tecnológico testemunhamos fenômenos semelhantes em outras épocas: a chegada da internet comercial, a difusão do telefone celular e também com a popularização dos smartphones. Agora, um novo salto tecnológico chacoalha o mundo, e a impressão é de que, mais uma vez, tudo vai mudar.
A boa notícia? Estamos todos no mesmo barco. Pelo prisma otimista da inovação, a IA representa uma fronteira tão nova e dinâmica, que ninguém é propriamente especialista. Nem mesmo os usuários “mais assíduos”. Não importa a idade, estamos todos experimentando, testando, descobrindo o potencial dessa onda e nos reinventando. A hora de aprender a surfar é agora, para todos. Sejam boomers, geração X, Millennials, Z ou Alfa. Ainda estamos próximos da largada da corrida.
No entanto, há uma vantagem oculta. O senso comum nos diz que os mais jovens, por serem nativos digitais, sairão à frente com a nova tecnologia. E, em termos de velocidade de adoção, pode até ser verdade. Mas a verdadeira vantagem estratégica não está aí. Ela pertence a quem já viveu uma revolução antes. As gerações 40+ (Boomers, X e Xennials) carregam uma sabedoria única: foram eles que viveram a maior transição de todas, do analógico para o digital. Seus cérebros e espíritos foram forjados nessa mudança, o que lhes deu uma maleabilidade e uma visão macro para entender o impacto da tecnologia na sociedade, e profundidade para melhor orquestrá-la.
Inteligência artificial pode causar preguiça intelectual?
E essa experiência é crucial. Afinal, um grande risco da IA não é a tecnologia em si, mas a preguiça intelectual que ela pode causar. Não por acaso, estudos do MIT já começam a indicar que o uso exclusivo da IA para tarefas como escrever pode reduzir a atividade cerebral e afetar a memória. O alerta está dado: depender exclusivamente da IA pode “atrofiar” nosso orgão mais importante.
É aqui que entra a mesma lógica que nos leva à academia. Se não caçamos mais, levantamos peso. Se não usamos mais o corpo como antes, corremos na esteira. Da mesma forma, será que para não nos tornarmos intelectualmente sedentários, precisaremos de um novo “treino cerebral”?
O objetivo não é competir com a máquina, mas nos fortalecer para orquestrá-la melhor, unindo nossa vivência e nosso pensamento crítico à sua capacidade de processamento.
Este é o nosso novo ritual: equilibrar a conexão consciente com a desconexão, sempre com pensamento crítico para nos alavancar e nos fortalecer. Essa é a equação para nos dar superpoderes para orquestrar futuro.
Qual foi o último pensamento original que você cultivou hoje?