Receber o diagnóstico de câncer de mama muda tudo na vida de uma mulher. Porém, enfrentar essa batalha pode ser menos solitária com a ajuda dos grupos de apoio, que proporcionam acolhimento, escuta e força emocional sem substituir o acompanhamento médico. Neles, pacientes e ex-pacientes se conectam para trocar experiências sobre os desafios do tratamento e compartilhar vitórias em um ambiente seguro.
Esses grupos podem ser encontrados em diferentes formatos, como em hospitais e clínicas oncológicas, que muitas vezes têm programas de voluntariado ou parcerias. A internet também ampliou o acesso, conectando pacientes de todo o Brasil em comunidades virtuais onde circulam informações sobre autocuidado, direitos e relatos de quem já passou pelo tratamento.
“Os grupos de apoio às pacientes em tratamento de câncer de mama são essenciais, especialmente para as que estão em situação mais vulnerável”, afirma a médica mastologista do Hospital do Câncer de Pernambuco, Ana Paula Ferraz. Ela conhece bem a realidade de mulheres que chegam de cidades distantes, longe da família, para fazer tratamento na capital. “O acolhimento nesses momentos é indispensável”, observa.
Clara* (nome fictício para preservar sua identidade) descobriu o câncer de mama aos 30 anos. “Quando recebi o diagnóstico, o chão sumiu. Senti uma tristeza imensa e uma insegurança que parecia me engolir. Foi no grupo de apoio que encontrei forças para me reerguer. Conhecer outras mulheres na mesma luta, compartilhar medos e celebrar cada pequena vitória me trouxe alívio e coragem”, revela.
Grupos de apoio no Brasil
A experiência de Clara reflete um movimento cada vez mais estruturado no país. Em Pernambuco, a Casa Rosa abriga e orienta mulheres em tratamento, além de promover palestras educativas e eventos para arrecadar doações. Em São Paulo, organizações como a Associação Rosa Mulher e a Fundação Laço Rosa desenvolvem projetos voltados ao acolhimento.
No cenário nacional, a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA) reúne mais de 70 ONGs em 20 estados e no Distrito Federal. Outras entidades relevantes incluem a Fundação do Câncer, o Instituto Vencer o Câncer e a Associação dos Amigos da Oncologia. “Essas mulheres acabam acolhendo as recém-diagnosticadas com uma palavra, um abraço ou até mesmo um silêncio cheio de compreensão”, explica a mastologista.
Por isso, buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas um passo em direção ao cuidado integral. Grupos de apoio existem para lembrar que nenhuma mulher precisa passar por isso sozinha. Uma conversa com a equipe médica ou uma simples busca na internet pode abrir portas para conexões que mudam tudo: o peso se divide, a coragem se multiplica, e o caminho, embora desafiador, se torna mais humano.