Sentir um cansaço inexplicável, dores de cabeça persistentes ou uma estranha dificuldade para falar. Sintomas como esses podem ser os primeiros sinais de uma condição complexa: a esclerose múltipla. No Brasil, aproximadamente 40 mil pessoas convivem com essa condição, conforme dados da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Embora ainda não tenha cura, a doença pode ser controlada quando diagnosticada precocemente.
A esclerose múltipla é uma enfermidade inflamatória crônica que afeta o sistema nervoso central e atinge mais frequentemente indivíduos entre 20 e 40 anos, um período de grande produtividade e mudanças de vida. Em um episódio do programa Conexão Viva Bem, nossa colunista e apresentadora Flávia Alessandra recebeu o neurologista Marcos Alvarenga e a modelo e apresentadora Carol Ribeiro, que compartilharam seus conhecimentos e experiências.
Segundo Alvarenga, a esclerose múltipla é uma doença autoimune, caracterizada por um descontrole no sistema de defesa do organismo. Em vez de proteger contra invasores externos, o sistema imunológico identifica a mielina (substância protetora que envolve as fibras nervosas) como uma ameaça a ser combatida. “É como se fosse um sistema de defesa com uma má interpretação, que vai até determinadas células, os neurônios localizados no sistema nervoso central. Ele procura essas células e as inflama”, explicou o neurologista.
A denominação “múltipla” reflete a natureza imprevisível da enfermidade. Diferentemente de outras patologias que se concentram em áreas específicas, a esclerose múltipla pode se manifestar em qualquer região do sistema nervoso central, gerando diversos tipos de sintomas. “Ela não tem predileção, pois pode atingir qualquer lugar do sistema nervoso central. Costumo dizer que cada paciente é um universo único, porque um caso é muito diferente do outro”, observou Alvarenga.
Essa diversidade de sintomas foi vivenciada, inclusive, por Carol Ribeiro. Ela sempre se considerou uma pessoa “ligada no 220”, mas uma fadiga intensa e repentina a impedia de realizar atividades simples. Foi essa indisposição que a levou a procurar ajuda médica em agosto de 2023, sendo um dos primeiros sinais da doença.
Além do cansaço extremo, Carol enfrentou uma série de sintomas que se intensificaram de forma cíclica. “Eu sentia muitas dores fortes de cabeça, tontura, visão turva, fala atropelada e fraqueza no braço esquerdo. Isso tudo piorava perto do meu ciclo menstrual”, relatou a modelo e apresentadora.
3 dicas para quem convive com esclerose múltipla
Apesar de todos os desafios que a esclerose múltipla pode trazer, é possível ter qualidade de vida com a doença. Alvarenga e Carol deram três dicas para quem convive com a condição ou busca mais informações:
1. Manter uma alimentação equilibrada
A nutrição adequada ajuda no controle da inflamação. Alimentos ricos em ômega-3 (como peixes, nozes e sementes de linhaça), vegetais folhosos escuros, frutas vermelhas e grãos integrais podem reduzir processos inflamatórios no organismo. “É essencial que a alimentação não te inflame e faça bem. Comer comida de verdade acho que já é uma grande ajuda”, aconselhou Carol.
2. Praticar atividade física
A atividade física regular, especialmente exercícios de resistência e fortalecimento muscular, pode ser determinante na prevenção de limitações motoras futuras. Modalidades como musculação, pilates, natação e caminhada ajudam a manter a força muscular e a coordenação. “Nunca tinha dado tanto valor para a atividade física quanto agora. O ganho de massa magra é importante para pacientes com esclerose para prevenir futuros problemas motores que a gente possa vir a ter”, destacou Carol.
3. Cuidar da saúde mental
O impacto emocional do diagnóstico e da convivência com a doença requer apoio e acompanhamento de profissionais especializados. “Um ponto importante é cuidar da saúde mental. Esclerose múltipla é uma doença que causa um impacto muito grande de depressão e ansiedade, fenômenos que habitualmente ocorrem. Desde o diagnóstico e ao longo desse primeiro momento da doença, é fundamental ter apoio de um neurologista e de um psicólogo. E se for necessário, de um psiquiatra”, aconselhou Alvarenga.