Mesmo com os avanços na conscientização sobre a saúde feminina, muitas mulheres convivem com a endometriose sem diagnóstico ou tratamento adequado. No Brasil, estima-se que 1 em cada 10 mulheres tenha a doença, segundo a Associação Brasileira de Endometriose.
A endometriose ocorre quando as células do endométrio (a camada que reveste o interior do útero) se desenvolvem fora da cavidade uterina, atingindo ovários, trompas ou outras regiões da pelve. Os sintomas variam bastante: algumas mulheres sentem dor intensa, enquanto outras apresentam sinais mais discretos, o que contribui para atrasos no tratamento. Em cerca de 30% dos casos, a doença pode impactar a fertilidade, mas nem todas as mulheres enfrentam essa complicação.
No programa Conexão VivaBem, apresentado por nossa colunista Flávia Alessandra, a atriz Isabella Santoni e a ginecologista Nathalie Raibolt detalham o impacto da doença na vida das mulheres, trazendo informações importantes sobre diagnóstico e manejo. De acordo com a ginecologista, a endometriose é uma condição complexa e muitas vezes invisível. “É uma doença um pouco difícil de entender porque a gente não enxerga o que está acontecendo. O endométrio responde às variações do ciclo hormonal. Ele cresce, se estabiliza de acordo com o ciclo menstrual e descama”, explica.
Nem toda endometriose se apresenta igual
A especialista ressalta que a doença se manifesta de formas diferentes em cada mulher. “Nem toda endometriose se apresenta igual porque é uma doença heterogênea. Cada mulher vai ter uma apresentação”, comenta. Entre os sinais mais comuns estão dor intensa durante a menstruação, dor pélvica crônica e dor durante relações sexuais, mas é possível que algumas mulheres apresentem apenas desconforto discreto. “Muitas vezes é uma dor incapacitante e as mulheres convivem anos sem saber que têm endometriose. É comum ver atraso no diagnóstico porque normalizam as dores”, acrescenta.
Já Isabella Santoni relata como a endometriose impactou sua vida por anos. Desde a adolescência, ela convivia com dores que muitas vezes precisavam ser aliviadas com analgésicos. Aos 21 anos, após colocar um DIU de cobre, percebeu que suas dores haviam aumentado.
Ela só descobriu a endometriose aos 26 anos, de forma inesperada: “Foi por acaso. Uma médica amiga sugeriu fazer uma ressonância da pelve e, assim, descobri a endometriose”, revela. Isabella também destaca como é preciso ajustar hábitos cotidianos para lidar com a doença, incluindo mudanças na alimentação e evitando alimentos inflamatórios como glúten, álcool e chocolate.
Como tratar a endometriose
Atualmente, o tratamento da endometriose envolve acompanhamento médico contínuo e pode incluir medicação, terapias hormonais e cirurgia, dependendo da gravidade e da resposta de cada paciente. O tratamento medicamentoso geralmente utiliza hormônios para controlar o crescimento do endométrio e reduzir a dor. Quando esses medicamentos não trazem alívio suficiente, a cirurgia se torna necessária para remover os focos de endometriose.
Nos últimos anos, casos como o da cantora Anitta ajudaram a ampliar a discussão sobre o tema. A artista revelou ter enfrentado fortes dores por anos até descobrir a endometriose, o que a levou a realizar uma cirurgia em 2022. O relato reacendeu o debate sobre a importância do diagnóstico e da escuta médica qualificada, muitas vezes negligenciada quando as dores menstruais são tratadas como algo “normal”.
Portanto, com diagnóstico correto, acompanhamento médico e cuidados com o estilo de vida, mulheres podem conviver melhor com a endometriose, preservando qualidade de vida, bem-estar e autonomia sobre suas decisões de saúde.
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