Diabetes é uma das doenças crônicas que mais crescem no mundo, e o Brasil ocupa uma posição preocupante nesse cenário. De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, 589 milhões de pessoas entre 20 e 79 anos convivem com o problema em todo o planeta. Destas, 16,6 milhões estão no Brasil, o que coloca o país na sexta posição no ranking mundial de casos, atrás apenas de China, Índia, Estados Unidos, Paquistão e Indonésia.
Os dados também mostram avanço nos números nacionais. Em comparação ao levantamento de 2021, o aumento foi de 5,7%, o que reforça a importância de ampliar a conscientização sobre prevenção e cuidados.
No programa Utalks, apresentado pela colunista Flávia Alessandra, o assunto foi pauta de uma conversa com a médica Ana Carolina da Rocha Aloan, residente de Endocrinologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). E o ponto de partida foi entender o básico: afinal, o que é diabetes?
O que é diabetes
O diabetes é uma condição em que o corpo não consegue produzir ou usar adequadamente a insulina, hormônio responsável por regular os níveis de glicose (açúcar) no sangue. Sem esse controle, o açúcar se acumula na corrente sanguínea, o que, ao longo do tempo, pode causar sérios danos a órgãos e vasos sanguíneos. A insulina é o hormônio que ajuda a glicose a entrar nas células para ser usada como energia. Quando há deficiência ou resistência a essa ação, o açúcar permanece circulando no sangue e começa a causar danos ao organismo.
Segundo a médica, existem dois tipos principais da doença. O diabetes tipo 1 representa entre 5% e 10% dos casos e é de origem autoimune, quando o próprio organismo ataca as células responsáveis pela produção de insulina. Costuma surgir ainda na infância ou adolescência. “Já o tipo 2 é o mais comum e está associado à resistência à ação da insulina, com influência de fatores genéticos e de estilo de vida”,
contextualiza.
Sintomas e diagnóstico da doença
Os sintomas do diabetes podem passar despercebidos no início, mas o corpo dá sinais. “O paciente pode apresentar urina em excesso, sede intensa, fome aumentada, perda de peso rápida ou dificuldade de cicatrização de feridas”, explica a médica. Por isso, o diagnóstico precoce é essencial. A partir dos 45 anos, todas as pessoas devem procurar um médico e fazer exames de sangue para investigar diabetes. Quem tem sobrepeso, obesidade ou histórico familiar (parentes de primeiro grau com a doença) precisa fazer esse acompanhamento independentemente da idade.
O papel da obesidade e do sedentarismo
Entre os fatores que mais contribuem para o avanço do diabetes tipo 2, a obesidade é considerada o principal. Isso ocorre porque o excesso de gordura corporal interfere na sensibilidade à insulina, dificultando o controle da glicose. “Combater a obesidade é combater, consequentemente, o diabetes”, destaca.
Outro ponto de atenção é o sedentarismo. A falta de atividade física reduz a capacidade do corpo de utilizar a glicose como energia, o que favorece o aumento do açúcar no sangue. Já a prática regular de exercícios é um dos pilares tanto da prevenção quanto do controle. “O exercício ajuda a melhorar os níveis de glicose e a controlar a sensibilidade à insulina”, pontua Ana Carolina. Caminhadas regulares, natação, dança, ciclismo ou musculação: qualquer movimento que tire o corpo da inércia já traz benefícios. E quanto antes o hábito for estimulado, melhor. “É importante incentivar a prática de atividade física desde a infância, para que a criança cresça com esse costume”.
Hábitos que ajudam a prevenir o diabetes
Evitar o diabetes tipo 2 passa, principalmente, por mudanças no estilo de vida. Alimentação equilibrada, rotina de sono adequada, controle do estresse e acompanhamento médico são medidas essenciais para reforçar o cuidado com a saúde.
Montar pratos coloridos, com legumes, frutas, verduras, grãos integrais e proteínas magras, é um bom começo. Reduzir o consumo de ultraprocessados e bebidas açucaradas também é indicado. Além disso, aprender a reconhecer os sinais do corpo, como cansaço, tontura e alterações no apetite, ajuda a manter o bem-estar em dia. Outro ponto importante é não negligenciar o acompanhamento médico. Mesmo quem se sente bem deve realizar check-ups periódicos. O diagnóstico precoce permite adotar medidas antes que o quadro se agrave.
O aumento dos casos de diabetes no Brasil e no mundo é um alerta, mas também uma oportunidade. Quanto mais informação de qualidade circula, maiores são as chances de conscientização e mudança de hábitos. E talvez o primeiro passo seja simples: olhar com mais carinho para o próprio corpo. Fazer exames de rotina, mexer-se mais, comer com consciência e buscar equilíbrio dentro e fora da mesa. Afinal, controlar o diabetes é viver melhor e não apenas com menos açúcar, mas com mais saúde e informação.



