Pele ressecada, avermelhada, com coceira… Quem sofre com dermatite ou psoríase sabe que as mudanças no clima podem desencadear crises. Banhos quentes, baixa umidade e roupas pesadas guardadas por muito tempo contribuem para o surgimento ou a piora dessas condições.
Mas não é só o frio que exige atenção: nos dias quentes, a exposição excessiva ao sol também compromete a saúde da pele. A importância é grande: afinal, a pele é o maior órgão do corpo humano e funciona como escudo contra agentes externos. Quando está fragilizada, perde parte dessa proteção.
De acordo com um levantamento feito nos Estados Unidos com mais de 280 mil pessoas, as áreas mais poluídas registraram o dobro de casos de dermatite atópica em comparação com regiões de ar mais limpo. O estudo, publicado na revista científica PLOS ONE, reforça como fatores ambientais interferem diretamente na saúde da pele.
No programa Conexão VivaBem, apresentado por nossa colunista Flávia Alessandra, o dermatologista Thales Bretas destacou que o inverno é um período de risco. “No inverno a gente gosta de tomar banho quente porque é mais confortável. Porém, o banho quente desengordura a pele e danifica a barreira cutânea. Quando a gente tira essa barreira protetora, ela perde esse controle. O que vem de fora irrita muito mais a pele que está sem a barreira íntegra”, explica.
Segundo ele, quando essa barreira está danificada, qualquer agente externo irrita mais facilmente a pele. E, sem hidratação adequada depois do banho, doenças crônicas como a dermatite e a psoríase encontram terreno fértil para piorar.
A psoríase, inclusive, é uma doença auto-inflamatória e multifatorial, marcada por fases de melhora e piora. “Ela não é contagiosa, mas tem picos de incidência: dos 20 aos 30 anos e entre 50 e 70 anos. As lesões mais comuns surgem nos cotovelos, joelhos e couro cabeludo. Ela acomete cerca de 1,5% da população brasileira”, pontua.
Embora não tenha cura definitiva, a doença pode ser controlada. Para isso, os cuidados vão além da hidratação e da proteção solar. “Manter uma dieta equilibrada, evitar alimentos ultraprocessados, praticar exercícios, cuidar da qualidade do sono e da saúde mental são medidas essenciais. Por isso, em momentos de estresse é bem característico desenvolver algumas doenças de pele”, ressalta o dermatologista.
Outro ponto de atenção são as roupas de frio. “Usamos peças que ficaram guardadas, acumulando ácaros e mofo. Muitas vezes colocamos essas roupas sem lavar, e elas podem se tornar gatilho para o surgimento de doenças de pele”, acrescenta.
O especialista lembra também que a ausência do sol nessa época faz diferença. “No inverno a gente tem menor incidência do sol, que tem papel importante na regulação do sistema imunológico da pele. Além disso, o sol tem um poder anti-inflamatório muito bom. Ele melhora, por exemplo, a psoríase, a dermatite seborreica e até a dermatite atópica”, comenta.
Conviver com doenças de pele pode ser desafiador, mas informação e cuidado ajudam a controlar os sintomas. O importante é não ignorar os sinais do corpo e buscar acompanhamento médico quando necessário. Afinal, cuidar da pele é também cuidar do bem-estar como um todo.