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Na coluna passada, eu te convidei a chegar. Agora que você está aqui, quero te convidar a escutar.
Não com os ouvidos, mas com o corpo. O corpo fala e fala antes da mente. Ele avisa, dói, retém, paralisa. Dá sinais constantes do que precisa ser olhado, digerido, liberado. A mente racionaliza, mascara, desconecta, mente. O corpo, não. O corpo guarda o que a mente e o coração gostariam de esquecer.

Esse armazenamento tem nome: memória somática. Nossos tecidos, órgãos, músculos e até nossa pele carregam registros de vivências emocionais profundas. A ciência já sabe que o sistema límbico, responsável pelas nossas emoções mais primitivas, está diretamente envolvido nesse processo. E o corpo responde com dores crônicas, tensões, bloqueios respiratórios, distúrbios digestivos ou mesmo sintomas na pele.

A pele, inclusive, é um grande termômetro emocional. Psoríase, urticárias, acne súbita: o corpo pede socorro na superfície quando algo não está sendo escutado por dentro. As dores também contam histórias. As costas pesam com o que a alma não consegue mais sustentar. O peito aperta diante de um luto não vivido, da insegurança ou de uma tristeza contida. A garganta se fecha quando não conseguimos comunicar o que sentimos e somos. O quadril tensiona com o que não conseguimos soltar.

Na linguagem dos chakras, essas regiões do corpo correspondem a centros energéticos ligados à segurança, afeto, expressão e liberdade emocional. Quando um desses centros está em desequilíbrio, o corpo responde e o movimento consciente pode ser uma forma poderosa de realinhar.

Yoga abre espaço para escutar com o corpo

O yoga oferece esse caminho. Muito além de alongar ou fortalecer, ele abre espaço para escutar com o corpo. Através da respiração, do movimento fluido, da permanência em posturas que tocam áreas sensíveis, vamos acessando conteúdos que não passam pela palavra, mas que pedem reconhecimento.
Praticar yoga com consciência é praticar escuta. É mover o corpo com intenção, devolvendo a ele a autonomia de processar o que ficou travado, preso ou adormecido.

A prática também ativa áreas cerebrais ligadas à regulação emocional, atenção e tomada de decisão, especialmente quando envolve respiração consciente e permanência meditativa. O sistema nervoso começa a se reorganizar. O corpo, aos poucos, se sente seguro para liberar o que guardou por tanto tempo. É absolutamente normal terminar uma prática aos prantos, com a sensação de liberação ou até de tirar o peso do mundo das costas.

Se você quiser, pode começar agora. Feche os olhos por alguns instantes e apenas se perceba. Observe como você tem vivido, reagido, o que tem sentido, com honestidade e sem julgamento. Talvez, nesse pequeno espaço de silêncio, você encontre respostas que sua mente ainda não soube formular. Seu corpo vem tentando falar com você há algum tempo. A sua escuta pode ser o começo de uma grande transformação através do movimento.


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autoria

Foto de Esther Bruno

Esther Bruno

Colunista

Advogada de formação, é professora de yoga especializada em biomecânica e pós-graduanda em Neurociência. Criadora da plataforma BE, desenvolve experiências, retiros e vivências que integram movimento,...
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