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Nos últimos anos, falar de consumo de moda deixou de ser apenas sobre vitrines e tendências. O que guia a escolha de uma roupa hoje não se resume ao preço ou a um algoritmo que sugere o que vestir. Há emoções e valores por trás de cada compra. O futuro da moda, ao que tudo indica, está mais na capacidade das marcas de se reconectarem com pessoas que querem praticidade, significado e propósito.

Segundo o estudo “Brasil Têxtil: 25 anos”, elaborado pela empresa Inteligência de Mercado (IEMI), o consumo de vestuário no Brasil cresceu 42% em número de peças desde os anos 2000. Mas esse aumento veio acompanhado de uma mudança: as roupas ficaram mais leves, informais, confortáveis e acessíveis. Essa transição não é por acaso: reflete o estilo de vida de um consumidor que já não vê sentido em guardar roupas que não dialogam com sua rotina.

Para a designer e doutoranda em moda Rani Duarte, há algo mais profundo em jogo. “O consumo de moda hoje está atrelado a uma questão de afetividade. As pessoas não consomem só pelo próprio ato de consumir. Elas querem consumir algo no qual se vejam representadas, seja uma peça de roupa, um material para a casa, um bem ou um serviço”, conta.

Essa mudança de mentalidade também está ligada ao impacto ambiental do setor. “A moda vem sendo pauta de muitas discussões voltadas para a sustentabilidade, porque é uma das indústrias que mais poluem. Esse momento de conscientizar, em que a gente para e pensa no porquê de estar consumindo, faz com que a gente retorne para a ideia de que, se for consumir, vai ser algo que faça sentido para si e para o mundo”, explica.

O tripé do design: estético, funcional e simbólico

Dentro desse cenário, o design de moda se apoia em três pilares: o estético, o funcional e o simbólico. O estético é o que salta aos olhos, como cores, formas, acabamentos e estilo. O funcional diz respeito ao uso: se a peça é confortável, durável, prática. Já o simbólico conecta a roupa ao imaginário e às identidades, transmitindo mensagens sobre quem somos ou quem queremos ser.

Na opinião de Rani, é o simbólico que mais tem moldado o futuro do setor, pois é nesse campo que entra o design de afetividade. “Quando a gente passa a ter algo que impacta a nossa história de vida, a nossa cultura e o contexto social, isso faz com que a gente queira o produto mesmo que precise dividir em dez vezes. Hoje, o designer precisa pensar além da funcionalidade e da estética e adentrar no contexto do consumidor para entendê-lo”.

O mercado de moda em ajuste

O setor de moda vive um movimento de freio e aceleração ao mesmo tempo. Entre 2019 e 2024, o varejo de vestuário caiu 4,2% em volume de peças vendidas, mas cresceu 26,9% em valores nominais. Em outras palavras: vende-se menos, mas por preços mais altos.

Para 2025, a previsão é de crescimento de 3,4% em produção de peças e 6,9% em valores nominais, de acordo com a IEMI. A explicação passa pelo perfil do consumidor brasileiro: mais velho, com menos filhos e maior renda disponível. Essas pessoas querem roupas que sejam fáceis de usar e façam sentido no dia a dia. O balanço do primeiro trimestre reforça essa retomada: a Pesquisa Mensal de Comércio do IBGE apontou que o varejo de moda acumulou alta de 4% em volume de vendas e 6,3% em receita nominal na comparação com o mesmo período de 2024.

Desejo em tempos de saturação

Mas como criar desejo em um mercado já tão cheio de opções? Para Rani, a resposta está em alinhar propósito e comunicação. “Atualmente, o consumidor está mais certo do que ele quer consumir e consciente do que aquele produto ou serviço vai atrelar como diferencial na vida dele. Mais do que ter muita coisa em casa, ele busca consumir algo com o qual se identifique”, explica.

A designer destaca ainda um movimento tecnológico que está transformando a forma de consumir moda. “Estamos vivendo a era da cibercultura, que são espaços tecnológicos plugados de características culturais ligadas ao entendimento de onde a pessoa vive, consome e nasceu. A indústria da moda está usando tecnologia e inteligência artificial para compreender melhor o ser humano e fazer com que o boom da comunicação virtual direcione o que está sendo vendido. As marcas precisam entender como chegar ao público sem perder espaço para a concorrência que oferece preço, sustentabilidade ou um apelo simbólico mais forte”.

O que esperar do consumo de moda daqui para frente?

O potencial de consumo de moda no Brasil é maior hoje do que há 25 anos. O caminho para as marcas, porém, não está apenas em aproveitar o crescimento do mercado, mas em criar estratégias que façam sentido nesse novo cenário. Roupas leves, acessíveis e conectadas com a rotina devem seguir em alta. Mas o diferencial estará na capacidade de uma marca oferecer não só produtos, mas experiências e narrativas que inspirem confiança e identificação. Ou seja: o desejo não se compra, se constrói.


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Foto de Laís Siqueira

Laís Siqueira

Jornalista

Jornalista e pós-graduada em Marketing, gosto de pesquisar, descobrir histórias e traduzir conceitos complexos em conteúdos que façam sentido. Sou movida pela curiosidade e pelo interesse em explorar o universo...
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