No Brasil, o câncer de mama lidera as estatísticas entre as mulheres, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Embora seja raro em homens (menos de 1% dos casos), a doença não os poupa completamente. Segundo a Agência Internacional para Pesquisa sobre o Câncer da Organização Mundial da Saúde, o cenário é preocupante, com projeção de aumento de 38% nos casos mundiais até 2050. Diante desse dado, surge a pergunta: como identificar os sinais e enfrentar uma doença que marca tantas histórias?
O câncer de mama acontece quando células da região começam a se multiplicar sem controle, formando tumores capazes de se espalhar para outras partes do corpo. “Vários sintomas podem indicar a presença da doença. Os principais são nódulos que conseguimos palpar, secreção sanguinolenta ou transparente saindo pelo mamilo, além de feridas na pele“, esclarece a mastologista do Hospital do Câncer de Pernambuco, Ana Paula Ferraz.
Contudo, muitas vezes, a doença se manifesta sem sintomas evidentes. É aí que entra a prevenção secundária, com a mamografia anual. “É por isso que, anualmente, a gente faz a campanha do Outubro Rosa para que as mulheres realizem rotineiramente a mamografia. Esse exame é importante para identificar o câncer em um estágio em que ele ainda não se mostrou sintomático”, enfatiza a médica.
Rotina diária também influencia na prevenção do câncer de mama
Os cuidados vão além dos exames. Nossa rotina diária também influencia na prevenção da doença. Ana Paula sugere mudanças práticas: abandonar o cigarro, moderar no álcool e apostar numa alimentação mais natural, com frutas, verduras e menos produtos industrializados. “Dentro dessa mudança de estilo de vida também é importantíssimo o estímulo à prática de atividades físicas“, complementa.
Quando há suspeita, o diagnóstico segue um protocolo específico. Primeiro vem a biópsia, um pequeno fragmento do nódulo é retirado e analisado no laboratório. Esse exame é que vai identificar o nome do tumor. Em seguida, a avaliação imunohistoquímica mapeia o comportamento biológico da doença. “É a partir desse resultado que vamos determinar a melhor forma de tratamento. Entre os tipos mais comuns, o carcinoma ductal invasivo é o que mais aparece, mas existem outros, como o carcinoma lobular invasivo, tubulares e mucinosos”, explica.
Como funciona o tratamento do câncer de mama?
O tratamento, de acordo com a médica mastologista, se baseia em uma tríade: cirurgia, terapia sistêmica e radioterapia. Nem toda paciente precisará dos três, mas a cirurgia é sempre necessária. A boa notícia fica por conta dos avanços técnicos, que permitem procedimentos mais conservadores e com resultados estéticos bem melhores.
Já a terapia sistêmica, que inclui hormonioterapia e quimioterapia, varia conforme cada caso. O mesmo vale para a radioterapia. “A cada dia, novas drogas mais eficazes surgem no mercado. Eu ressalto que a necessidade e a indicação de qual medicação a ser realizada se baseia no estadiamento do tumor e no subtipo dele”, comenta a médica.
Por fim, o câncer de mama pode assustar, mas o cenário atual oferece motivos para otimismo. Entre prevenção, diagnóstico cada vez mais preciso e tratamentos menos agressivos, as chances de cura aumentam quando a doença é descoberta cedo. O segredo está em não deixar para depois: mamografia em dia, hábitos saudáveis e atenção aos sinais do próprio corpo são fundamentais nessa jornada de autocuidado.