Você sabia que existe um termo para descrever a sensação de exaustão mental e a dificuldade de concentração causadas pelo consumo excessivo de conteúdos superficiais na internet? Essa expressão, conhecida como brain rot ou, em tradução literal, apodrecimento cerebral, foi eleita a palavra de 2024 pelo Dicionário Oxford.
O brain rot indica uma potencial deterioração da capacidade mental, onde a atenção se desvia do real para o virtual. De acordo com um artigo do Newport Institute, que reúne centros de saúde mental nos Estados Unidos, a sobrecarga de informações digitais provoca a sensação de cérebro apodrecido e está ligada à dificuldade de concentração, à redução da produtividade e a quadros de ansiedade e depressão.
A psicóloga Laíse Brito ressalta que o impacto das telas vai além da exaustão. “As telas entregam a fantasia de uma vida simplificada, como se não precisássemos pensar”, afirma. Ela explica que o uso excessivo treina o cérebro para essa facilidade, criando um comportamento aversivo a atividades que demandam esforço no mundo real. “Logo, passa a ser comum a perda de foco, atenção e tolerância a atividades que antes eram corriqueiras. A vida fora das telas passa a ser interpretada como difícil e desinteressante”, completa.
Como evitar o brain rot?
Segundo a psicóloga, esse comportamento também contribui, inclusive, para o aumento de diagnósticos como Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), onde a fisiologia de muitas pessoas está desregulada pelo excesso de interação com eletrônicos. Para mitigar essas consequências, a psicóloga recomenda estratégias que priorizam o momento presente. “Técnicas de respiração, mobilização corporal, escrita, leitura e construção de diários de bordo são formas analógicas de se conectar consigo e com o ambiente”, sugere.
Além disso, Laíse enfatiza a importância de se desconectar. “Sempre proponho o retorno às atividades manuais, como costura, crochê, pintura, confecção de artesanato e desenho no papel. Essas e outras atividades que não envolvem telas têm a capacidade de construir novas sinapses, restaurando o sistema nervoso central e protegendo os neurotransmissores de sobrecargas que deterioram o funcionamento psíquico”, conclui.